Quase no fim da ditadura militar no Brasil, na década de 80, o governo ainda controlava com mão de ferro as emissões de rádio no Brasil, preferencialmente para AM – OM/OT/OC, não dando muita atenção para o FM. Mas seu cachorro de guarda, o DENTEL, mantinha olhos sobre tudo, e não poupava ninguém de suas garras.
Tudo isso não tornava fácil conseguir uma concessão, as regras eram de jogo marcado, tornando o acesso público ao FM praticamente impossível. Entra aí a idéia da Rádio Livre, muitas vezes confundida ou marginalizada como “Rádio Pirata“. O Rádio Livre era uma rebelião contra o controle governamental sobre as frequências, que por sua essência são públicas, mas por leis, criadas pelo políticos e o governo, acabam sendo de controle do governo, este afirmando que por interesse na manutenção e proteção das frequências mantém controle exclusivo e total sobre as frequências, realizando um leilão, que sempre acaba por beneficiar os grupos com poder econômico e até hoje esta prática nunca mudou. Com a criação da legislação sobre as Rádio Comunitárias (RadCom) em 1998, foi criado um novo tipo de concessão, que focaria em transmissores de baixa potência e comunidades locais, no entanto com a falta de fiscalização, ficou fácil para grupos que se faziam passar por comunidades conseguirem uma concessão, e não respeitam a legislação, operando como emissoras comerciais, que por sua vez tiram o espaço legítimo das comunidades.
A idéia do Rádio Livre em Tubarão se popularizou com o fácil acesso aos diagramas e aos componentes eletrônicos, e nas mãos dos mais interessados, tanto por eletrônica quanto pela radiodifusão, as emissoras começaram a pipocar pela cidade, desde a década de 70. Mas em meados de 1990 uma pessoa que se dizia chamar “Homem de Lata”, colocou sua Rádio Livre no ar, na frequência de 95 Mhz, com qualidade, programação diferenciada e libertária, e ainda com uma boa abrangência, inspirou mais e mais apaixonados pela comunicação social a se aventurarem pelas frequências do rádio. No mesmo período, três amigos (Grillo, Muki e Dr, Pardal) juntaram esforços e criaram mais duas rádios, uma operando no final do “dial”, em 107 Mhz, e outra sem frequência definida (conforme a oscilação do transistor BFXXXX definia). Apesar de toda a vontade e energia, as transmissões eram esporádicas e sem muito alcance.
Uma idéia surgiu, criar uma Rede de Rádios Livres, na qual uma rádio sintonizava a mais próxima possível e a re-transmitia. Como eram apenas três transmissoras, e relativamente próximas, a ação era possível e criava-se até uma rotação de quem era a cabeça da rede, tornando muito divertido, mas confuso para os ouvintes de apenas uma estação, pois era um costume dos “DJs” conversarem entre si, através de sua emissoras.
Após um tempo a idéia acabou perdendo força, por motivos pessoais e profissionais dos envolvidos e o rádio Tubaronense nunca mais foi o mesmo. Mas foi uma época divertida, cheia de emoção, experimentações e olhos abertos contra o extinto DENTEL, hoje ANATEL. Vale lembrar que muitos dos envolvidos foram trabalhar em rádios comerciais ou em áreas de comunicação ou eletrônica, com certeza levando esta grande paixão para seus empregos.
Décadas após essas aventuras, estamos aqui novamente reunidos, relembrando e revivendo aqueles tempos, através deste site e da web rádio Rádio Livre 95. Como o Grillo sempre foi apaixonado pela Rádio Cidade FM, considerada a primeira rádio FM do Brasil a quebrar o paradigma das FMs, já na década de 70, estamos usando este espaço para também homenagear esta que foi a precursora do FM no Brasil, com vinhetas, capelas e programas da Rádio Cidade FM, porque o que é bom sempre estará vivo em nossas lembranças.
Pulamos para o final de 2018 e temos a Rádio Livre 95, nas ondas livres da Internet, para todo o planeta.
Quem faz hoje a Rádio Livre 95
Ataliba, o Homem de Lata
Ricardo, o Grillo
Ian, o Dr. Pardal
Jota Fagner, o Lobo